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Há cinco anos, a empresa, mais conhecida como fabricante de máquinas para aplicação de defensivos, percebeu que poderia adaptar sua linha de produtos para um mercado que a família prezava por sua importância ambiental e que prometia ser um bom negócio, o de combate aos incêndios florestais.
Foi assim que a Guarany criou uma unidade de equipamentos focada no ataque ao fogo e conquistou um público fiel que abrange do Instituto Chico Mendes e o Prevfogo do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), e também grandes grupos privados, como Petrobras, Vale, Gerdau e todas as grandes fabricantes de papel e celulose, companhias de reflorestamento, bombeiros e concessionárias de rodovias.
A ideia deu certo: desde o início, a unidade, que reina praticamente sozinha nesse mercado, tem um crescimento anual da ordem de 33%. Neste ano, a expectativa é faturar R$ 4 milhões.
Brigada indígena
O crescimento do mercado não significa uma aposta em tragédias, como as que assolam reservas indígenas, parques e florestas neste inverno seco. A Guarany investe na prevenção, vendendo abafadores, bombas, mangueiras que evitam que o fogo se espalhe.
São dela os kits anti-incêndio adquiridos por fazendeiros e o conjunto de combate ao fogo para caminhonetes, contendo tanques de PVC com aditivo antichamas.
A empresa assinou uma parceria com a organização ambientalista Instituto Socioambiental (ISA) para desenvolver ações de combate ao fogo no Parque Indígena Xingu, no norte do Mato Grosso.
"Além de vender equipamento e treinamento, queremos ir mais além, dar suporte a quem luta contra o fogo", diz o engenheiro Candido Simões, gerente da unidade, referindo-se a treinamento e doações feitas também aos bombeiros de Cuiabá.
"Sabemos que a floresta em pé vale muito mais do que destruída", afirmou a presidente da empresa, Alida Bellandi, que esteve no Xingu no mês passado para doar seus produtos aos índios de oito aldeias interessados em formar brigadas contra o fogo.
Segundo a assessora do ISA no parque, Kátia Ono, o treinamento chegou em boa hora, pois as queimadas tornaram-se uma grande preocupação para as comunidades.
No Xingu, além do fogo que vem das fazendas em volta do parque, a coivara, prática indígena de queima da vegetação para a agricultura, pode se alastrar se não for combatida.
"Em algumas aldeias, durante o treinamento, nos deparamos com incêndios de verdade que estavam queimando as florestas. Fizemos trabalho de combate como base de aprendizado naquelas situações", diz Kátia.
América Latina
O interesse pelos equipamentos antifogo fez com que a Guarany estendesse as vendas para o restante da América Latina. Atualmente, exporta seus produtos para Argentina, Uruguai, Peru, Venezuela e Colômbia, além de ser distribuidora de empresas do Canadá e Estados Unidos.
"É praticamente um négocio de utilidade pública", diz Simões. Nessa linha, a empresa também tem equipamentos para proteção das florestas contra pragas e enfermidades e aplicadores de defensivos agrícolas.
Fonte: Brasil Econômico - Martha San Juan França, 20.09.2011