As estatísticas demostram que a maioria das empresas familiares, em todo o mundo, não conseguem atingir a transição para a 3 ª geração.
Apesar de todas as vantagens competitivas que abrigam, como a alavancagem do nome de família, grande confiança entre os seus integrantes, orientação de longo prazo (pela necessidade de garantir a perpetuação do patrimônio, para as futuras gerações).
Famílias empresárias e suas empresas podem ter um caminho sem entraves, através de um processo de constante renovação, desde que sobrevivam aos desafios e se adaptem às mudanças, naturais a qualquer organização.
É importante observar que os principais desafios e as mudanças podem ser previstos, desde que a família empresária entenda o ciclo de vida dos seus negócios.
Uma empresa familiar de sucesso é aquele que trabalha em harmonia com os vários estágios de sua evolução: empreendedorismo, sobrevivência, crescimento, governança, renovação e declínio.
Cada uma dessas fases tem seus próprios desafios e fatores diferenciadores que determinarão a viabilidade do negóco, a longo prazo.
É possível observar-se um roteiro, identificando transições organizacionais críticas, bem como as armadilhas do negócio, que crescem em tamanho e complexidade à medida que a empresa cresce.
Primeira Fase: Empreendedorismo
Nesta fase inicial, o fundador declara que está explorando uma oportunidade de negócio e que está muito motivado para levá-lo adiante. O fundador vê a oportunidade onde muitas pessoas não vêem.
Seu foco é a viabilidade do negócio, ou seja, encontrar clientes suficientes para apoiar a existência da empresa. A família é, muitas vezes, o principal fornecedor de mão de obra da empresa.
Segunda Fase: Sobrevivência
A empresa desenvolve um grau de formalização de sua estrutura e estabelece suas próprias competências distintivas. O principal objetivo, aqui, é gerar receita suficiente para continuar as operações e financiar o crescimento suficiente para que o negócio mantenha-se competitivo.
Terceira Fase: Crescimento
Nesta fase a empresa se concentra em aumentar sua participação no mercado , apresentando produtos e serviços novos e inovadores ao mercado; expandindo sua operação para outras regiões; atraindo financiamentos para suportar seu crescimento.
Caso o fundador consiga superar os problemas apresentados pelo próprio crescimento, pela expansão, o negócio continuará a crescer e se beneficiará da sinergia entre herdeiros e pais.
Quarta Fase: Governança / Maturidade
A mudança do modelo de poder concentrado em uma só pessoa, para aquele em que os herdeiros deverão trabalhar juntos, com sinergia, para tomar decisões que beneficiem a empresa e não apenas os seus interesses pessoais .
Nesta fase, a governança deve colocar ênfase em princípios como transparência, responsabilidade e justiça. Caso estes princípios não sejam observados, poderão surgir conflitos de difícil resolução, com grande chance de colocar em perigo a sobrevivência do negócio da família e , muito provavelmente , a harmonia e a unidade familiar.
Quinta Fase: Renovação
A empresa cria o desejo voltar a operar com um modelo “mais magro”, com menores custos. As equipes deverão promover a inovação, trabalhando com criatividade, que poderá ser obtida através da utilização de uma estrutura de tomada de decisão mais descentralizada.
Sexta Fase: Declínio
A empresa entrará nesta fase, caso predominem: a política organizacional e busca do poder; caso os membros da família controladora do negócio pressionem a gestão, mais preocupados com as metas pessoais do que as metas da empresa.
Em algumas empresas familiares, a incapacidade de atender às demandas externas de uma Fase anterior, poderá levá-la a um período de declínio em que experimentará falta de lucro e perda de participação de mercado. Neste caso, o controle e o processo de tomada das principais decisões tendem a retornar a um punhado de pessoas , da mesma forma como o desejo por poder e influência nas fases anteriores, corroeram a viabilidade do negócio.
Conclusão
Fundadores bem sucedidos na criação e crescimento de seus negócios devem desenvolver competências que serão necessárias à implementação de mudanças (sucessão, entre elas), para que consigam interpretar e agir sobre “o que virá a seguir”.